Um texto como este, com mais de 400 caracteres, afirmam os especialistas em redes sociais, não nos interessa mais. Quer saber o motivo? Eu te explico em cinco minutos.
Se por um lado o Iluminismo introduziu o conceito de ‘pensamento e ação’ na tentativa de conscientizar a humanidade de que nós, seres humanos, estamos em condições de tornar o mundo um lugar melhor, mediante introspecção, livre exercício das capacidades humanas e engajamento político-social, como bem descreveu Kant, “a saída dos seres humanos de uma tutelagem que estes mesmos impuseram a si. […] Tem coragem para fazer uso da tua própria razão!”, a pós-modernidade possibilitou a conquista de inúmeros direitos civis, coletivos e individuais. Acontece que alguns movimentos pós-modernistas romperam drasticamente com as ciências e, em busca de respostas alternativas, lançaram dúvidas em questões que ficaram sem respostas.
Como frisou o sociólogo Zygmunt Bauman ao adotar a expressão “modernidade líquida” como sendo uma realidade ambígua e multiforme, na qual “tudo o que é sólido se desmancha no ar”, na pós-modernidade nada parece ser sólido, tudo é ambíguo, tudo é líquido.
Chegamos ao ponto central de nossa reflexão, as relações humanas. Se não há solidez, não há relações sólidas. As relações de afeto tornam-se multiformes. E como água, vemos amigos, familiares e até mesmo amores escorrendo diante de nossas mãos. Nossas relações entram em colapso. Vivemos em uma era cujo o lema é o “desapego”, nos tornamos menos introspectivos, menos reflexivos, menos envolvidos com o meio em que vivemos. Se entramos em uma relação afetiva, focamos toda a nossa atenção nela e nos fechamos para o mundo. Esperamos que o outro supra todas as nossas necessidades afetivas, pois já não nos damos conta de que elas inexistem em nós, apesar de querermos doar amor, carinho e afeto que nem mesmo temos. Surgem então as expectativas, e com elas, as decepções. E quanto maior a expectativa, maior a decepção.
Caminhamos, então, para a Era do Vazio. Sem vínculos duradouros, sem acontecimentos marcantes e sem emoções positivas. Isso se reflete na música, na literatura, no cinema, no teatro e nas artes em geral. Transformamos nossos teatros centenários em palcos de stand up comedy. Só o riso instantâneo nos interessa, só as paixões relâmpago nos interessam. Só as respostas rápidas, pois tudo agora precisa estar na velocidade da luz, até mesmo os nossos relacionamentos. É o colapso das relações humanas.
Por Evandro Borges